domingo, 18 de março de 2018

Fazendo registro



No dia 1 de março de 2018 transexuais e travestis tiveram grandes conquistas políticas de direitos, o STF (Supremo Tribunal Federal) julgou e acolheu suas demandas jurídicas pelo direito de mudar nome e sexo no registro civil sem ter se submetido a cirurgia de redesignação sexual ou transgenitalização, nem estar de posse de laudos psiquiátricos e psicológicos e também a substituição da denominação de transexual para transgênero (de modo a abarcar todos os diferentes trânsitos entre os pólos binários).

 Assim,"a pessoa poderá se dirigir ao juízo e, mediante qualquer meio de prova, pleitear a alteração do seu registro”. Posto que  "o regime democrático não admite opressão da minoria por grupos majoritários". ... “O Estado há que registrar o que a pessoa é, e não o que acha que cada um de nós deveria ser, segundo a sua conveniência”. (Cármem Lúcia)

Além das lutas dos movimentos sociais engajados a essa questão, não podemos subestimar o poder da judicialização (decisões judiciais) sobre a jurisprudência, conforme as demandas processuais julgadas, assim não podemos negar a importância de todes que entraram com processos e ganharam esse direito abrindo precedentes e mais precedentes.

E se essa foi uma conquista sobre o sexo juridicamente reconhecido, para toda essa população ainda existem muitas demandas na área de saúde, referidas ao trânsito do dito masculino para o feminino e do feminino para o masculino, senda a principal um atendimento mais humanizado e menos preconceituoso, seja pela ignorância do que é de fato natural, ou determinação biológica ou por crenças transcendentais em ideais sobre o que é ser homem ou o que é ser mulher. Atitudes atravessadas pela suposição de uma alma do corpo, pecado e vontade de Deus expressa através de porta-vozes de caráter religioso.

E preciso principalmente que o sistema de saúde acolha de fato o acompanhamento das mudanças corporais como um problema de saúde pública, sem ajuizamentos outros de caráter intimo de seu agente. O respeito a identidade autoatribuída é fundamental para não causar sofrimentos e danos psíquicos  ainda maiores aos trangêneros. Assim é importante introduzir inclusive esse paciente no espaço geográfico do hospital, posto que pessoas trans são internadas e precisam de enfermaria, são humanas e têm necessidades fisiológicas para usar o banheiro, além de verem suas cirurgias e modificações corporais como construções o que é bem diferente de mutilação.